A corrupção brasileira é historicamente enraizada.

Quando se abre o jornal, no Brasil, é raro não nos defrontarmos com escândalos no mundo político. Casos de desvio de recursos públicos, uso indevido da máquina administrativa, redes de clientelas e tantas outras mazelas configuram uma sensação de mal-estar coletivo, em que sempre olhamos de modo muito cético os rumos que a política tem tomado. Na verdade, nada disso é recente. A corrupção está enraizada historicamente  a começar pela forma de colonização e exploração de nossas terras.
 Também não é novidade alguma que os efeitos nocivos da corrupção são muitos e óbvios. Ela prejudica a eficiência do gasto público e desestimulam investimentos, reduzindo o crescimento, a geração de empregos, os serviços como educação e saúde, a renda da população e fere criminalmente a Constituição quando amplia a exclusão social e a desigualdade econômica.

Dois economistas do Banco Mundial, Daniel Kaufmann e Aart Kraay, elaboraram um banco de dados com indicadores de boa governança de 160 países, incluindo o combate à corrupção. De acordo com esse indicador, o Brasil ocupa a septuagésima posição. Somos “vizinhos” do Sri Lanka, Malauí, Peru e Jamaica, e de duas ditaduras, Cuba e Bielo-Rússia. Cruzando os dados, os economistas concluíram que se a corrupção no Brasil se agravar até atingir um nível extremo, comparável ao de Angola, um dos casos mais graves, a renda per capita brasileira ficará 75% menor em oito décadas.

Pois é, e como se não bastasse, a corrupção no Brasil tem
destaque internacional: O jornal econômico inglês Financial Times publicou artigo intitulado "Corrupção brasileira: longe de acabar" ; “A economia do Brasil tem sido prejudicada pela corrupção e por problemas de infraestrutura”, afirma o jornal britânico “The Independent”.

E assim nosso país mergulha na desordem. E pra piorar: Somemos a corrupção à impunidade e à morosidade da justiça. E mais o fato de os políticos gozarem de direitos como o foro privilegiado e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum. E a corrupção vai avançando diante da impunidade.

A situação consegue ficar mais caótica, a ponto dos critérios para distinção do que é honesto e desonesto ficarem cada vez mais obscuros. Senão vejamos: De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Vox Populi, quase um em cada quatro brasileiros (23%) afirma que dar dinheiro a um guarda para evitar uma multa não chega a ser um ato corrupto. Ou seja, a tolerância a pequenas violações vão desde a taxa de urgência paga a funcionários públicos para conseguir agilidade na tramitação dos processos até aquele motorista que suborna um guarda de trânsito para não ser multado. Diante de tantos “abusos”, perde-se o referencial. Ou melhor, este vai sendo empurrado rumo ao abismo.


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