Segurança Pública no Rio Grande do Norte anda de charrete.

Por: Talles Pinheiro
O Rio Grande do Norte vive uma tragédia na área da segurança pública, a falta de recursos, de políticas públicas para o setor e de investimento nas carreiras policiais contribuem para que mensalmente o Estado perca dezenas de vidas desnecessariamente. É uma desgraça constante e crônica na área da segurança.

Comprar mais armas, viaturas, rádios e coletes apenas, sem tecnologia de ponta, como sistemas de comando e controle, vídeo e monitoramento, aparelhamento e treinamento dos policiais é fazer mais do mesmo. Não teremos a menor chance de reduzir o número de mortes, nem dos demais crimes que assolam hoje a sociedade potiguar, se não tivermos mais seriedade na gestão pública. Comprar apenas apetrechos é
manter a política do espetáculo, que é a do tiroteio, do chute na porta, da quantidade de prisões, e ao final o resultado é pífio.

Estabelecida como prioridade do governo nos próximos quatro anos,  a segurança pública iniciou o ano com dificuldade para realizar novos investimentos. De acordo com o estabelecido pelo Orçamento Geral do Estado 2015, sancionado na primeira semana do ano pelo governador Robinson Faria, a rubrica caiu mais da metade se comparada à previsão orçamentária 2014. Os  investimentos despencaram de R$ 77,7 milhões para R$ 37,5 milhões.

O orçamento para segurança pública é insuficientes para o setor. Temos vinculação percentual orçamentária na saúde e na educação, e por que no terceiro elemento do tripé do desenvolvimento não temos? Por que a segurança pública continua sendo tratada de maneira amadorista, empírica, conforme o drama do momento, o clamor popular do momento?

A segurança pública seria prioridade no governo de Robinson Faria (PSD) a partir de janeiro de 2015. Mais do que uma promessa de campanha, Robinson assumiu o compromisso de aplicar 10% do orçamento com a segurança pública. “Vamos destinar 10% do orçamento de para a segurança pública, que hoje é o maior clamor da população do nosso Rio Grande do Norte”, destacou Robinson. A declaração foi destaque no debate da TV União com os candidatos ao Governo do Estado.  Robinson relatou os desafios da segurança pública e apresentou as propostas para a segurança. “Não se faz segurança sem dinheiro, orçamento e investimento. No nosso governo não vamos aceitar nenhum tipo de contingenciamento do orçamento para a segurança pública. Estou convencido que é possível, em dois anos, fazer do RN um Estado mais seguro para viver. Vamos fazer no Estado uma revolução na segurança pública. Vamos mudar esse cenário. A prioridade no nosso governo será a segurança pública, cuidar da segurança das pessoas em todo o RN”. Comentou o então governador durante o debate. Será que ainda se lembra desse discurso?

A Polícia Civil transformou-se em mero cartório de registros e de procedimentos, já que os delegados hoje são juízes de instrução sem poder. As polícias precisam ser divorciadas, fazendo trabalhos especializados e completos, cada um na sua área e cada um com seu cartório próprio. A Polícia Civil, que é numericamente menor, deveria se super especializar nos crimes mais sofisticados, como crimes contra a pessoa, colaborar com a Polícia Federal contra lavagem de dinheiro e crime organizado, entre outros. Já a Polícia Militar ficaria responsável pelos crimes ordinários, fazendo inclusive o trabalho cartorial e investigativo que hoje é feito pela Polícia Civil.

Sem direção política clara, sem definições precisas sobre suas atribuições, sem meios mínimos para garantir a soberania do Estado, sem reformar as políticas públicas voltada à segurança pública, não haverá melhoras no setor, não haverá governo, não haverá secretária, que faça milagre.

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