CORRUPÇÃO: Uma questão de moral e respeito.

Por: TALLES PINHEIRO



Quando se abre o jornal, liga a TV, acessa a internet, no Brasil, é raro não nos defrontarmos com escândalos no mundo político. Casos de desvio de recursos públicos, uso indevido da máquina administrativa, redes de clientelas e tantas outras mazelas configuram uma sensação de mal-estar coletivo, em que sempre olhamos de modo muito cético os rumos que a política tem tomado. Na verdade, nada disso é recente. A corrupção está enraizada historicamente  a começar pela forma de colonização e exploração de nossas terras.
Também não é novidade alguma que os efeitos nocivos da corrupção são muitos e óbvios. Ela prejudica a eficiência do gasto público e desestimulam investimentos, reduzindo o crescimento, a geração de empregos, os serviços como educação e saúde, a renda da população e fere criminalmente a Constituição quando amplia a exclusão social e a desigualdade econômica.
E pra piorar, somemos a corrupção à impunidade e à morosidade da justiça. E mais o fato de os políticos gozarem de direitos como o foro privilegiado e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum. E a corrupção vai avançando diante da impunidade.
A situação consegue ficar mais caótica, a ponto dos critérios para distinção do que é honesto e desonesto ficarem cada vez mais obscuros. Vejamos a tolerância a pequenas violações vão desde a taxa de urgência paga a funcionários públicos para conseguir agilidade na tramitação dos processos até aquele motorista que suborna um guarda de trânsito para não ser multado. Diante de tantos “abusos”, perde-se o referencial. Ou melhor, este vai sendo empurrado rumo ao abismo.
O Promotor de Justiça Jairo Cruz Moreira afirma que: “Aceitar essas pequenas corrupções legitima aceitar grandes corrupções. Seguindo esse raciocínio, seria algo como um menino que hoje não vê problema em colar na prova ser mais propenso a, mais pra frente, subornar um guarda sem achar que isso é corrupção”.
Nossa forma de vida individualista e capitalista suscitou na perda do valor de conceitos como ética, por exemplo, que ficaram sem definição para muitos – isso se aplica à Justiça, à Política, às nossas relações sociais como cidadãos e funcionários. Muitas pessoas não enxergam o desvio privado como corrupção, só leva em conta a corrupção no ambiente publico.
Diante disso, listo dez atitudes que os brasileiros costumam tomar e que, por vezes, nem percebem que se trata de corrupção.
        - Não dar nota fiscal;
        - Não declarar Imposto de Renda;
        - Tentar subornar o guarda para evitar multas;
        - Falsificar carteirinha de estudante;
        - Dar/aceitar troco errado;
        - Roubar TV a cabo;
       - Furar fila;
       - Comprar produtos falsificados;
       - No trabalho, bater ponto pelo colega;
       - Falsificar assinaturas.
Em suma, não é de hoje que o país vive uma crise de moralidade. O problema não é a falta de legislação, mas sim a falta de controle, de prestação de contas, de punição e de cumprimento das leis. O problema brasileiro é a falta de parâmetros éticos.
Para combater a corrupção, é preciso ter políticas de longo prazo, preventivas, é preciso fazer uma reforma administrativa, informatizar os processos de gestão, permitir que o cidadão fiscalize a execução orçamentária on line.
Precisamos de um país que compartilhe de uma regra comum a todos os cidadãos ao invés dessa mesma regra aplicar-se apenas a alguns. Enfim, corrupção não envolve apenas questões de dinheiro, mas também questões de moral e respeito.

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