Ricardo
Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F, entregou, como parte de
sua delação premiada ao Ministério Público Federal, contratos e notas fiscais
que teriam sido utilizados para dissimular propinas à cúpula do PMDB. O
ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB) é
citado como tendo recebido R$ 3 milhões, para campanha ao governo do Rio Grande
do Norte, em 2014.
Entre
os documentos que, segundo o delator, são “frios” e “fictícios”, estão números
de notas fiscais emitidas pela JBS ao Ibope. Do total deste montante, R$ 1
milhão foi doado oficialmente ao PMDB Nacional, “em nome do Henrique”, segundo
palavras de Ricardo Saud, e outra parte foi por meio de contratos de advocacia
e de consultoria, e termos firmados com o Ibope.
“Fazia
pesquisa para eles (senadores) e pagava com essa propina. O Ibope recebia
propina. Nunca fez um serviço para nós”. O instituto reagiu com veemência à
denúncia do executivo da JBS sobre emissão de notas fiscais frias.
A
acusação de Saud está registrada em vídeo, onde ele detalha o pagamento ao
político potiguar, que depois veio a ser ministro do Turismo nos governos de
Dilma e Temer, mas acabou pedindo exoneração do cargo após as inúmeras
acusações que surgiram contra ele no âmbito da Operação Lava Jato.
O
delator ainda relatou que o Ibope teria sugerido contratos fraudulentos para
justificar os repasses da JBS. “Inclusive, eles várias vezes mandavam um
contrato com um punhado de pesquisa e falaram: arquiva isso aí direitinho, se
amanhã ou depois, se acontecer alguma coisa, você mostra isso aí. Eu falei: ‘ó,
rapaz, agora quer me ensinar a roubar dos outros?’”. “Nunca fizeram pesquisa
pra mim. Pegavam pesquisa nacional e queria pôr no contrato da gente”, relatou.
Um
dos anexos do acordo de colaboração da JBS com a Procuradoria-Geral da
República se refere a um pacotão de R$ 46 milhões ao PMDB nas eleições de 2014,
que, segundo os executivos, teriam sido acertados entre o então ministro da
Fazenda Guido Mantega e um dos donos da JBS, Joesley Batista. Do total, R$ 35
milhões seriam destinados à cúpula do PMDB no Senado.
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